sábado, 1 de maio de 2010

Actualmente, na sequência das suas obras Ricardo Crista desenvolve o seu trabalho situando-se entre a abstracção e a figuração, desafia o espectador na aparência geométrica que a maior parte das suas obras ostenta, se revela, a um olhar um pouco mais atento, um jogo com o espectador que é construído a partir de um realismo disfarçado de abstracção.
Quando olhamos, num primeiro relance, para as suas telas, a nossa primeira sensação é a de que nos encontramos perante pinturas incompletas ou inacabadas, linhas que estruturam geometricamente as obras, apresentado como desmontado ou por montar. No entanto, imediatamente reconhecemos as linhas como fitas adesivas de papel. Atraídos pelo nosso espanto, que nos faz interrogar porque é que deixou na tela as fitas que lhe serviram para isolar e fixar as formas cromáticas, como se estivesse numa mesa de trabalho.
Só então descobrimos que as fitas são pintadas, de forma hiper-realista, provocando um efeito de trompe-l’oeil. Assim, o carácter abstracto que julgámos reconhecer nas suas obras é substituído pelo reconhecimento de que se trata de uma representação, por mais que o objecto dessa representação, as fitas adesivas de papel, nos pareça um motivo caricato que, provavelmente, não mereceria um tal esforço de semelhança.

- Crack
- Técnica Mista
- 90cm x 90cm
- 2010
- Fracture
- Técnica Mista
- 120cm x 80cm
- 2010
- Bunker
- Técnica Mista
- 90cm x 90cm
- 2010
- Reverse
- Técnica Mista
- 90cm x 60cm
- 2010